segunda-feira, 18 de julho de 2011

fábula do melhor amigo.

Em um tempo já cinerário eu descobri... Eu era criança e ainda só desejava viver. Ganhei um patinho, um patinho de verdade. E o patinho, recém-saído do ovo, tornou-se meu melhor amigo. Orgulhava-me ter o único patinho amarelo do mundo. Amava-o e a única dó que me dava era não poder tê-lo ao lado do tra
vesseiro enquanto dormia.

Mas o patinho a medida que crescia ficava cinza e o amor foi-se indo. Éramos uma família de agricultores – meu pai, minha irmã e eu – e numa época difícil, atacados pela miséria que sempre nos rodeava, comemos o patinho assado na panela. Faminto que estava, devorei meu amigo com farinha e sem ressentimento algum.

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