segunda-feira, 18 de julho de 2011

greve dos professores.

Eu, que só rabisco coisas inventadas, que só gosto de arte e não entendo muito de política, que acho discutir isso um tédio e demodê, tão em vão, não consegui ficar indiferente a greve dos professores da rede estadual de Santa Catarina. Mais de dois meses sem aulas. Dois meses.
O extremo é que os professores pedem um piso salarial de R$ 1.600,00 – vejam bem: R$ 1.600,00. Valor que não alcança o céu estrelado de nada, não sei se alcança pra uma casa e um carro em 10 anos... Isso é o que os professores estão pedindo: R$ 1.600,00 – que é de direito e o governo nega.
Diz que não, que não dá pra pagar isso para quem estuda e emprega-se na formação dos seres humanos, abrindo mão da ambição, dessa ambição da qual obviamente os políticos se armaram pra alcançarem seus postos, seus status; é que só com ela se chega aonde estão – detalhe é que ambição e sensibilidade social não combinam...

Num mundo, ou num palco, num imenso palco de retardados, como escreveu Shakespeare, onde um jogador de futebol - e pra que um jogador de futebol? - aos 20 anos de idade consegue acumular uma fortuna que 50 pais de famílias não conseguirão em suas existências somadas, o governo negar esses R$ 1.600,00 é um atentado ao senso de justiça, uma prova que está tudo de ponta cabeça, de que o mundo está ao contrário...
raimundo colombo, em letras minúsculas mesmo, porque ele é um minúsculo, conquistou suas vitórias não na base da meritocracia pela competência daquilo que ele se propôs – governar – e sim nas teses das alianças políticas, na soma de apoios, nas ideias estratégicas de eleições e em cima da ingenuidade do povo. Parece-lhes útil que o povo continue assim?... bem bem bem... voltemos cá, esse cara aí, deu-nos um depoimento dizendo que educação não era prioridade.

Educação pública não é prioridade.. Que ironia, o ensino público fundamental é caótico, mas a UFSC e a UDESC são quase intocáveis, estão lá  com as portas de bronze e mármore abertas para os filhos da aristocracia e do ensino privado.

E de brinde, um brinde com uma taça de veneno, deu-nos a “sensível” declaração de que não poderia comprar os uniformes das criancinhas porque teria que pagar os professores... Que malvados esses professores... E que retórica a desse político tão par.

Baila no ar uma dúvida atroz e cruel: os professores estão exigindo um piso que está tabelado pelo governo federal. Piso ridículo. E é constitucional que os estados que não tiverem recursos para esse piso podem solicitar o recurso junto ao FUNDEB.
E porque diabos o raimundo colombo não pede esse dinheiro? Simples como a palavra bola, como a palavra dado, simples como o ensino das escolas públicas, esse dinheiro já veio mas desviou-se para outros setores, para outros lados, para outras prioridades talvez mais rentáveis... E o povo, que em algumas linhas mais acima acusei de ingênuo, continua ocupando-se com importantes marchas da maconha, gays... Que triunfo, que bárbaro, que luxo.

Enquanto isso, alguém que rabisca e gosta de arte, raramente continuará encontrando alguém, moldado nos bancos das escolas públicas pra conversar sobre as certezas de  Shakespeare.

Nenhum comentário:

Postar um comentário